Foi realizado no último domingo, dia 11/12/2011 no Clube Atlético Entre Rios (CAER), a última etapa do FEMUSIC, o 1º Festival Nacional de Música em Três Rios-RJ. O evento contou, entre outras atrações, com o workshop do guitarrista da banda Angra - Kiko Loureiro. Entre problemas iniciais com o acerto do som do P.A. e do amplificador cedido pela organização do festival, além da dificuldade de acertar com o técnico de som os playbacks das canções que seriam tocadas, o guitarrista executou, entre uma pergunta e outra, músicas de dois de seus trabalhos solos: o debut “No Gravity” (2005) e o último lançamento “Fullblast” (2009).
Apesar de contido nas palavras em alguns momentos, Kiko não se esquivou de responder a assuntos mais polêmicos, como a apresentação do Angra no último Rock In Rio, e as declarações espalhafatosas do vocalista Edu Falaschi.
Seguem trechos das declarações do guitarrista:
* Sobre o Rock In Rio;
“É fato que (o Rock In Rio) foi o festival mais importante no qual o Angra se apresentou, e não esperávamos de forma alguma que em um evento desse porte houvesse uma sequência de trapalhadas tão grande por parte da organização, como chegarmos ao evento e encontrar todos os cabos trocados na mesa de som. Fizemos o melhor que pudemos, e é nessas horas que devemos ser profissionais e ter a tranqüilidade. É importante manter a calma e tocar naturalmente, até mesmo sorrindo e fingindo que está tudo bem, para que a parte técnica também não saia prejudicada.”
* Edu Falaschi e seu futuro no Angra;
“Edu está com problemas nas cordas vocais, e decidimos dar um tempo até que ele se recupere. A decisão da permanência ou não na banda é unicamente dele; após sua recuperação iremos nos reunir novamente. Independente de qualquer situação o Angra continua, com ou sem ele. Se porventura o Edu decidir que cada um deve seguir o seu caminho, iremos procurar e continuar a banda com outro vocalista.”
* Sobre as recentes declarações de Edu Falaschi;
“O Edu achou importante expressar sua opinião da forma como ele fez. É bom ressaltar que se trata de uma opinião estritamente pessoal, não refletindo assim a minha opinião ou a de qualquer outro membro do Angra. A verdade é que ele falou muita merda, e não concordo com a forma com que isso foi dito e divulgado pela internet. Ele atribuiu a culpa da atual situação na cena a quem não deveria, e é complicado apontar culpados onde eles não estão. Ficou uma situação muito chata entre ele e os fãs.”
* Sobre suas influências no aprendizado da guitarra;
“Jimmy Page foi o principal responsável por eu me interessar pela música pesada. Sempre rolou música brasileira lá em casa, mas quando meu primeiro professor tocou as primeiras notas de Black Dog (Kiko reproduz a citada parte em sua Tagima K1 Signsture), isso estimulou para que eu me aprofundasse mais e mais no trabalho do Led Zeppelin e de outras bandas de rock pesado da época. Com os anos fui conhecendo guitarristas como Eddie Van Halen, Joe Satriani e Steve Vai, e até hoje ainda me surpreendo com o trabalho desses caras.”
* Sobre o trabalho com Tarja Turunen (ex Nightwish);
“Toquei em duas turnês com ela, e foi fantástico fazer parte de uma banda de apoio que contava, entre outros, com o ex Living Colour, Doug Wimbish no baixo e o monstro Mike Terrana na bateria. Este último, inclusive, me deu a honra de ter tocado em dois de meus discos solo (No Gravity e Fullblast). Ela é extremamente profissional e dedicada, assim como seu marido e empresário (Tarja é casada desde 2003 com o argentino Marcelo Cabuli, o qual cuida da carreira solo dela desde que ela deixou o Nightwish, em 2006). Eles me deram bastante liberdade para que eu tocasse e arranjasse as guitarras como eu achasse mais apropriado em cada música.”
* Sobre o mercado nacional de instrumentos musicais;
“Apesar do empenho e qualidade de marcas como a Tagima, Meteoro e Gianinni, entre outras, ainda é muito fraca a divulgação destes instrumentos no exterior. Com o crescimento econômico do país, o que temos aqui é uma falsa impressão de exportação de instrumentos musicais, porém isso não acontece. E pelo visto, não há interesse da maioria dos fabricantes no Brasil em divulgar sua marca lá fora, tanto é que a maioria dos sites de instrumentos nacionais não têm opção de leitura em inglês. E sem esse idioma você está excluído de qualquer tentativa de penetrar em outro mercado que não seja no Brasil.”
* Sobre a falta de identidade na sonoridade dos guitarristas;
“É claro que antigamente era muito mais perceptível o reconhecimento dos timbres dos ícones do instrumento, como Jimmy Page ou Ritchie Blackmore, mas isso é uma coisa que não mudou muito no decorrer dos anos, é apenas uma questão de estar atento as sonoridades de cada estilo musical. Jeff Beck é um exemplo que está aí até hoje lançando discos diferentes e fazendo turnês, sem perder a identidade sonora que o marca desde os primeiros álbuns que lançou. Dá para perceber nuances nos timbres de cada guitarrista que os diferenciam, no metal por exemplo, é muito fácil perceber a diferença entre a sonoridade dos guitarristas do Iron Maiden e do Megadeth. Após algum tempo escutando um determinado estilo, a percepção dos timbres e da diferença entre eles fica evidente.”
* Conselhos para quem está iniciando no instrumento;
“É difícil falar sobre dicas tendo em vista a diversidade de guitarristas, com gostos particulares e determinado grau de evolução no instrumento. Porém, mais do que tudo, é importante ter um bom professor que saiba quais são os pontos fracos do aluno na guitarra. Tudo não passa de treino e repetição exaustiva, para que as técnicas sejam assimiladas e assim tocadas com a maior naturalidade possível.”
* Sobre influências fora do estilo metal;
“É enriquecedor ouvir outros estilos musicais, eles nos propiciam trazer elementos diversificados para a nossa música. Assim como ouvir música brasileira, acho válido que os estudantes de guitarra bebam da fonte de guitarristas de jazz dos anos 30, como Django Reinhardt e Wes Montgomery. Tenho ouvido bastante guitarristas como Derek Trucks (The Allman Brothers Band), e apesar de eu não dominar a técnica de slide como ele, aprendo muito em termos de interpretação e sonoridades de blues.”
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